Falando ainda de redes sociais, confesso que ando um pouco
farto das ditas. Não tenho o mesmo prazer que tinha outrora e tudo parece um
pouco artificial. No Facebook, por exemplo, apenas vejo notícias, dou os
parabéns às pessoas desejando-lhes um feliz aniversário (é uma óptima ferramenta
para isso), e de grosso modo, apenas partilho publicações para desmascarar o
André Ventura ou para denunciar alguma coisa. Acho que não utilizo para mais
nada de destaque. Nem sequer o Messenger utilizo, como utilizei em tempos.
No Instagram (que adorava), vejo imensas partilhas de coisas
que me parecem tão “fakes” que até dói. A interacção diminui de dia para dia, e o que interessa agora é só “likes”, “seguidores”,
“OnlyFans” e “ganhar dinheiro seja de que forma for”. Sei lá, perdeu-se a
essência daquilo, não se responde a ninguém, parecendo tudo muito oco e fantasmagórico.
Aderi a esta rede social em 2011, de lá para cá, tive imensas contas. Hoje tenho
apenas uma de cariz pessoal com as pessoas que quero efectivamente seguir, que gosto, que maioritariamente
interagem comigo (se assim quisermos, claro está), onde posso perguntar “coisas
simples”, como “gostaste desse restaurante” ou “o que recomendas ver nessa
cidade?”. Também consigo imprimir alguma normalidade, até mesmo sobre pessoas
que não conheço de lado nenhum. Faço elogios, e escrevo sem pudor “estás bonito”
ou “adoro a tua camisola”, se me apetecer - e se achar isso mesmo. No fundo,
somos animais sociais e esta ferramenta permitia isso mesmo, socializar, criar
ligações sobre aquilo que temos em comum e assentir, ou discordar, naquilo que
nos afasta.
Ok, não vou ser cínico. Também sigo ainda algumas contas bastante
vazias de conteúdo, onde apenas me deslumbro com as cores das fotografias ou
com os corpos mais ou menos trabalhados. Também preciso de alguma dose de
futilidade. Faz parte de mim também esse lado mais “desprendido” da vida. Mas caramba,
se esta realidade começar a ser 100%, onde tudo tem um “custo”, uma
contrapartida ou uma má vontade, é meio caminho andado para deixar de vez este "mundo".
Aliás, já não publico nada desde Abril e a vontade de o fazer continua a ser
zero (pronto, tenho feito “stories”, mas até essas são cada vez menos e efémeras).
Vou partilhar o quê? Algo que não sou, só para agradar aos outros? Para ter
milhares de seguidores, que nem sequer sabem que eu existo? Ou para me gladiar
por coisas, que nunca fizeram sentido para mim? Li há pouco tempo, um texto
sobre isso mesmo. Sobre o facto do Instagram estar a fazer com que fiquemos
mais deprimidos, mais desligados do mundo real, que nos faça questionar o que
somos (ao concluirmos que somos uma “merda”) ou que nos faça fazer coisas que
não queremos – com o objectivo primordial de obter a aprovação dos outros, como
se isso fosse fundamental para sermos o que somos.
sigo por este caminho também ... ainda tenho algumas contas ativas mas pouco interajo nelas ... tudo muito ruim ...
ResponderEliminarAs pessoinhas podem ser o que quiseres ;) as redes sociais permitem isso e as pessoas gostam
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